Foco na prevenção!
Foco na prevenção!
Ana Paula Ferraz Santos*
Quando terminei a graduação, há 15 anos, saí da faculdade com o conceito de que deveria tratar doenças dos meus pacientes. Aprendi como deveria fazer uma dieta para diabetes, uma dieta para hipertensão, uma dieta para dislipidemia. Isso tornava as condutas todas iguais e padronizadas. Hoje, com a Nutrição Funcional, de caráter mais integrativo e preventivo, é completamente diferente. Esse tipo de nutrição tem como premissa respeitar a individualidade bioquímica, desenvolver um tratamento 100% centrado no paciente, garantir o equilíbrio nutricional e a melhor biodisponibilidade possível dos nutrientes. Eu posso atender 10 diabéticos, mas certamente serão 10 tratamentos diferentes pois, ninguém é igual… Esse é o exemplo do tratamento clínico nutricional da doença já estabelecida!
No entanto, numa visão bem mais ampla, o foco principal deve ser a prevenção… E é importante ressaltar que a prevenção não deve ser sinônimo apenas da “ausência da doença diagnosticada” mas, sim, a presença de uma VITALIDADE TOTAL.
Inúmeras pessoas chegam ao consultório sem doenças diagnosticadas, ou seja, não são hipertensas, nem cardiopatas, muito menos diabéticas… Mas apresentam queixas de cansaço crônico, dor de cabeça constante, alteração de humor, falha na memória, queda do desempenho cognitivo, ganho de peso, queda de cabelo, unha fraca, imunidade baixa e falta de libido! Isto definitivamente não é saúde… Então, o que fazer para se ter uma alimentação eficiente para prevenir doenças e garantir saúde? Podemos começar evitando 3 grandes vilões na alimentação:
1º) Açúcar – Não interprete o açúcar apenas como aquele açúcar branco que você usa no café! O açúcar está presente em inúmeros produtos industrializados, inclusive naqueles ditos como “saudáveis”, com as seguintes nomenclaturas: maltodextrina, xarope, açúcar invertido, extrato de malte, dextrose, sacarose… É só ler os rótulos e evitar! Erroneamente as pessoas acreditam que o único risco de se consumir o açúcar é o desenvolvimento de diabetes, mas, ele também está envolvido na etiologia de dislipidemias, aterosclerose, câncer e Alzheimer. Além disso, é importante lembrar que farináceos também são convertidos em açúcar, após a digestão, independente se forem brancos ou integrais. O recomendado, então, é reduzir ao máximo o consumo.
2º) Gordura trans – É uma gordura utilizada pela indústria para aumentar o prazo de validade do produto! Ela pode vir descrita nos rótulos com os seguintes nomes: gordura vegetal, gordura vegetal hidrogenada, óleo interesterificado. Essa gordura é a mais aterogênica que existe, além de ser muito inflamatória do tecido adiposo visceral. Desde 2015, esse ingrediente foi totalmente banido nos EUA pois, o FDA, não considera seguro para o consumo humano, nenhuma quantidade de gordura trans. Já no Brasil é largamente utilizado em margarinas, sorvetes, biscoitos, pães, pipoca de microondas, achocolatados líquidos, produtos de panificação, chocolate diet. A melhor maneira de diminuir o consumo da gordura trans é ficar atento ao que está sendo ingerido. Leia os rótulos! Até porque, na parte da frente da embalagem pode estar escrito: “Livre de gordura Trans” mas, na lista de ingredientes, encontra-se gordura vegetal ou gordura hidrogenada, que também é gordura trans.
3º) Sódio – Antigamente havia preocupação com o sódio do sal, a fim de evitar ou controlar a hipertensão. Hoje o sódio faz parte de 99% das moléculas de aditivos alimentares como conservantes, adoçantes, antiumectantes, realçadores de sabor. Para se ter uma ideia, 1 copo de 200 ml de leite (01 porção) pode atingir 143 mg de sódio devido à presença de, no mínimo, 4 aditivos (trifosfato de sódio, monofosfato de sódio, difosfato de sódio e citrato de sódio). Todo alimento com mais de 100 mg de sódio por porção já pode ser considerado um alimento rico em sódio! E o leite nem salgado é, não é mesmo? O consumo exagerado de sódio pode dar inicio a doenças cardíacas, hipertensão, retenção de líquidos, estrias, celulites, dificulta o processo de absorção do cálcio pelo organismo causando osteoporose, interfere no crescimento de crianças e adolescentes, e ainda prejudica o ganho de massa muscular. A ideia não é eliminar o sal da alimentação, mas, sim, fazer uso de forma controlada.
Uma conclusão é que, mais importante do que saber o que retirar da alimentação, é nunca esquecer o que se deve colocar! Uma alimentação saudável e eficiente para prevenir doenças e garantir saúde, deve ser composta de comida de verdade: verduras, legumes, frutas, sementes, oleaginosas, tubérculos, especiarias e condimentos, azeite, ovos… Sem frescuras de produtos caros ou produtos da moda, pois a melhor forma de abastecer a sua vida de saúde, é comprando comida na feira!
*Ana Paula Ferraz Santos é nutricionista, pós-graduada em Nutrição Esportiva, Nutrição Clínica e em Nutrição Clínica Funcional. “Coach” Especialista em Coaching com Programação Neurolinguística pelo Instituto Brasileiro de Coaching Aplicado (IbraCoaching). Atende na “Clínica de Nutrição Ana Paula Ferraz”, localizada na Rua Maranhão, 342/504, bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte. Para entrar em contato com Ana Paula, você pode telefonar para: (31) 3075-2980 e 9918-5854 ou enviar um e-mail: nutriana.ferraz@gmail.com.
