Somos o que comemos e quem se gosta se cuida

10838284_10201995400364886_2761555814165817618_oVivemos um paradoxo hoje quando o assunto é alimentação. De um lado, existe grande oferta gastronômica, em função do desenvolvimento econômico e a globalização que permitiu maior intercâmbio entre os países, facilitando o acesso a ingredientes de várias partes do mundo. Basta entrar em uma praça de alimentação de um shopping para experimentar pratos de diferentes nacionalidades, desde o combo hambúrguer, batata frita e refrigerante, trazido dos Estados Unidos, até pratos da comida italiana, japonesa, alemã e coreana, em uma verdadeira Torre de Babel de sabores. Algo impraticável algumas décadas atrás, quando as refeições eram feitas em casa, com ingredientes da cozinha regional, e as idas a restaurantes se reduziam aos domingos ou datas especiais.

Cresce o número de restaurantes com chefs estrelados, as TVs reservam boa parte de sua grade a programas de culinária, em que cozinheiros se tornam celebridades, com a participação de adultos e crianças. Nas rodas amigos e nas redes sociais, as pessoas compartilham receitas, dão dicas de harmonização de vinhos com pratos principais e dá-lhe sobremesas de encher os olhos e aguçar a gula. E na contramão desse universo de gostosuras, estão homens e mulheres em busca de saúde e alimentação saudável. Atire a primeira pedra quem nunca se sentou à mesa repleta de pratos deliciosos e calóricos na mesma medida e não escutou a batida frase: _ “ai, meu Deus, o meu regime vai embora”. Ou então: ­_ “amanhã tenho que redobrar a malhação para queimar as calorias que consumir aqui”. Alguns passam a chamar comidas calóricas de “gordices”. A impressão que se tem é que o momento que era para ser de prazer, afinal boa mesa é alegria, tornou-se uma ladainha de reclamações e culpas. É que na mesma velocidade que cresce a oferta de alimentos calóricos com seus apelos midiáticos, aumenta a preocupação com a saúde, o culto ao corpo e a busca pelos ingredientes mais saudáveis e balanceados.

Entre esses dois universos antagônicos – o gordo e o magro – há muita gente perdida. É comum encontrar aqueles que encaram, durante a semana, uma dieta balanceada para, no sábado e domingo, se esbaldar no consumo de doces, pratos gordurosos e bebidas alcoólicas, como se o mundo fosse acabar na segunda-feira. Outros aderem a longos meses a regimes severos, com restrição de alimentos importantes, como os carboidratos, para depois do emagrecimento voltarem a comer demasiadamente, ganhando mais peso que antes de iniciar a dieta. O chamado efeito sanfona.

A relação com a comida parece ter virado um problema e muitos fazem dela uma forma de descarregar seus problemas. Comem compulsivamente com a falsa ilusão de que o prazer de comer coisas saborosas irá resolver as angústias da vida. Penso que está na hora de as pessoas mudarem a forma de encarar os alimentos, pensar que uma boa mesa dá prazer, mas ela precisa ser apreciada e degustada com harmonia, sem, exageros. ” Comer de tudo, mas não tudo”. Esse velho ditado deve ser praticado desde a hora que acordamos até a última refeição.

Optar pela dieta saudável e sem exageros, com refeições fracionadas, durante todos os dias do ano, é o melhor caminho, mesmo que, para isso tenhamos que buscar ajuda de um profissional da área médica, psicológica e nutricional. Afinal, somos o que comemos e quem se gosta se cuida.

Márcia Queirós é jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) Com 26 anos de profissão, tem passagens por jornais e revistas, entre elas as mineiras Encontro e Viver Brasil e a versão brasileira da publicação norte-americana Robb Report, onde foi repórter e colunista. No jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte, atuou como repórter e editora da área de cidades por mais de 10 anos, quando se dedicou, entre outras áreas, à cobertura do setor de saúde. Também foi assessora de imprensa da Secretaria de Estado de Saúde de Minas, para a qual produziu cartilha sobre o SUS, destinada orientar gestores municipais de saúde de todo o estado. Hoje atua como colaboradora na setor de comunicação da Fundação Logosófica, além de ser redatora do site Eu Saúde e do jornal Vila da Serra & Condomínios. Contato: m.queiros.melo@gmail.com

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